domingo, 2 de setembro de 2007

O vazio

Caminho sob a noite escura
Com o mundo atrelado em minhas costas
Não sei se a escuridão é que penetra em meu coração...
Ou se meu coração é que emana a escuridão...
Nesta noite escura, sem estrelas.
Compartilho com a escurão
O vazio do meu coração

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Manual de Sobrevivência em São Paulo.




Manual de Sobrevivência em São Paulo.



Para você que mora ou pretende morar em uma das maiores cidades do Brasil, aí vão algumas dicas para enfrentar a "selva de pedra".
*HobbyArrume um hobby. Não falo de um hobby qualquer que você realiza nos fins de semana ou quando possui um tempo livre. Falo de um hobby que você usará para outro tipo de tempo livre: o tempo que você ficará preso no trânsito.Sabe aquele romance que você estava querendo a muito ler, pois compre, porque você terá tempo de sobra no trânsito. Se você é igual a mim, que enjôa fácil ou é um dos afortunados que possuem um carro a melhor opção é a música.Coloque um rádio no seu carro, não um rádio muito caro, pois você pode perder o rádio e o carro. Se quiser pode valer da solução de nós simples mortais: ir à 25 de Março e comprar um mp3 player.A música você que escolhe: desde rock pauleira, sertanejo dor de corno ou até mantras para se acalmar quando estiver muito, mais muito atrasado.Só não vale tentar os asanas da yoga, nem no carro, porque causa acidentes e mais lentidão; nem no ônibus, pois seu companheiro de ônibus lotado pode não gostar de ter seu braço debaixo da boca dele.Existem hobbys mais aperfeiçoados, como o crochê. Você pode fazer um cachecol em apenas um dia de trânsito.Outros como a manicure, são para aqueles que possuem um equilíbrio enorme. Se você é uma delas, pode fazer um acordo com o motorista de ônibus e o cobrador e ser manicure de ônibus.Clientes você terá e ainda tirará um extra para passagem.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Solidão...

Gostaria muito de entender como algumas coisas do meu cérebro funcionam, uma delas é o chamado dispositivo do desespero.
Este dispositivo se ativa quando encontro me comigo mesma, ou seja, quando me sinto só. Há momentos em que não há ninguém comigo, mas isso não me aflinge.
Porém há momentos em que uma agústia desesperadora entra em cena, a sensação de solidão parece preencher cada buraco do meu ser. É nestas horas que outros sentimentos também vêem a tona, porque as pessoas que eu amo não me dão atenção quando eu preciso? Porque não percebem que apenas uma ligação, uma notícia ou coisa parecida vai amenizar o que tanto me inferniza. Cada um está ocupado levando a sua própria vida. Porque têm horas que pareço não conseguir carregar a minha?
É o verdadeiro labirinto mental no qual me perco, dentro dos meus próprios pensamentos.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Confissões

Fui covarde. Falhei.
Decepcionei a todos e principalmente, decepcionei a mim mesmo.
Acreditava que todos possuiam um dom que Deus nos deu e que deveríamos procurar este dom e procurar ajudar o mundo com ele. Adorava a fábula dos talentos.
Fui covarde, ao invés de aplicar os talentos e multiplicá-los para o mundo, acabei interrando-os e perdendo o lugar onde os enterrei.
Fui covarde, pois não tive coragem para enfrentar o mundo, nem para me despedir dele.
Decepcionei a mim mesmo, agora só sinto um vazio e um desespero enorme, decepcionei quem a vida inteira confiou em mim, me deu carinho e apoio, decepcionei meus amigos e decepcionei a pessoa que sempre esteve nos meus sonhos e que agora achei.
Achei, mas não é como nos sonhos, pois a pessoa com quem sonhei estava comigo, mas comigo de antes, não comigo de agora. Se ela soubesse o quanto quero fazê-la feliz.
Devo muitas desculpas, desculpas a Deus, desculpas à minha familia, desculpas à meus amigos, desculpas ao meu amor e principalmente, desculpas a mim mesmo.
Desculpas a aquela pessoa que fui.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Nowhere man - Beatles




Tradução:


Homem de lugar nenhum

Ele é um autêntico Homem de Lugar Nenhum

Sentado em sua terra de lugar nenhum

Fazendo todos os seus planos inexistentes para ninguém

Não tem uma opinião,

Não sabe para onde está indo

Ele não é um pouco parecido com você e eu?


Homem de Lugar Nenhum, por favor escute

Você não sabe o que está perdendo Homem de Lugar Nenhum

O mundo está sob o teu comando

Ele é tão cego quanto deseja ser

Só vê o que quer vê

Homem de Lugar Nenhum consegues ver-me?

Homem de Lugar Nenhum, não te preocupes

Pegue teu tempo, não tenhas pressa

Deixa tudo até que alguém Te dê uma ajuda

Não tem opiniões

Não sabe para onde está indo

Ele não é um pouco parecido com você e eu?

Homem de Lugar Nenhum, por favor escute

Você não sabe o que está perdendo

Homem de Lugar Nenhum, o mundo está sob o teu comando

Ele é um autêntico Homem de Lugar Nenhum

Sentado em sua terra de lugar nenhum

Fazendo todos os seus planos inexistentes

Para ninguém

Fazendo todos os seus planos inexistentes

Para ninguém

Fazendo todos os seus planos inexistentes

Para ninguém

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Dispersos



"O verdadeiro lar é onde estão nossos sapatos."


" Primeiro dia dos namorados acompanhada, não acompanha por qualquer um, mas sim acompanhada por alguém extremamente especial, alguém que dese que começamos a namorar me descortina a cada dia um mundo novo. Eis um pouquinho do que descobri;

Adorinam Barbosa, sambista que cantou São Paulo. Uma música que gostei muito e que não conhecia é Bom dia tristeza, letra de Vinícius de Moraes".


Bom dia, tristeza

Que tarde, tristeza

Você veio hoje me ver

Já estava ficando

Até meio triste

De estar tanto tempo

Longe de você

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Lo strano fiore



In un tempo lontano, in una bella distesa di grano, nacque un nuovo fiore. Era diverso da tutti gli altri, e le spighe, con il loro dolce ondeggiare cullate dal vento lo guardavano con diffidenza "un estraneo tra noi" dicevano "che sciagura, rovinerà lo splendido panorama che solo noi riusciamo a creare!", a volte lo prendevano in giro, la spiga Gina diceva: "Ma guardati sei proprio strano, sei troppo giallo, sarai malato?".
E il fiore dal lungo stelo, si sentiva sempre più solo, sempre più triste, e mentre cresceva la sua testa si chinava in basso, per la vergogna di essere diverso.
Le spighe, vedendo che il nuovo arrivato non si difendeva neanche, presero ancora a elogiare le loro qualità una volta raccolte, facendo sentire il nostro fiore ancora più inutile.
Dicevano in coro: "con il nostri frutti si fa la farina, con la farina si fanno i biscotti le torte e pure la pastasciutta di cui ogni creatura ne va ghiotta!” e la spighe gemelline gli dicevano: “e tu, dicci un po’, a cosa servi? Secondo noi proprio a niente!”
E lo strano fiore si chinava sempre più a guardar la terra! Ma un giorno passò di lì una donna con il suo bambino, e le spighe eccitate dai complimenti che sapevano avrebbero ricevuto, si sussurrarono l’un l’altra a bassa voce: “coprite il buffo fiore, di modo che non lo possano vedere!”. Ma il bambino curioso notò lo strano fiore tra le spighe di grano, fece avvicinare la sua mamma, e le chiese: “Mamma cos’è questa pianta, a che serve, perché è così china?”.
La donna riuscì a vedere attraverso la sua solitudine e si commosse, versò una lacrima che finì proprio al centro del cuore del giovane fiore, che sentì per la prima volta un’emozione d’amore. “E’ un girasole, il più bel fiore”, disse la mamma, “è nato per caso tra le spighe di grano e non sentendosi accettato ha chinato il capo, forse non sa che i suoi tanti fratelli sono talmente belli e talmente fieri da avere il capo eretto per guardare in faccia il sole.
E poi, piccolo mio, immagina che questa distesa di grano sia un bel piatto di pastasciutta condita da un filo d’olio, il frutto del suo girasole”
Da allora il girasole alzò il capo per guardare il sole da mattina fino a sera, ma senza rancore per le sorelle spighe, che chiesero perdono per il male causato ma soprattutto capirono che un fiore non è peggiore solo perché diverso, che ogni creatura porta dentro di sé la propria bellezza e lo scopo della propria esistenza, e che invece di canzonarlo per tanto tempo avrebbero semplicemente potuto aiutarlo.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Saudades do meu luar


Poeminha fraco, mas acho que o que vale é a intenção...


Aí que saudades do meu luar!!!
Saudades do meu luar queijo prato,
Do meu luar queijo de minas.
Do meu luar cheedar que aparece ao cair da tarde
E brinca de colorir todo o meu céu.

Daquele que mesmo quando não vejo,
Sei que está lá.
E fico imaginando como estaria.

Agora meu luar se escondeu,
Nem as estrelas sabem onde ele está.
Sei que irá voltar logo, mas....
Aí que saudades do meu luar!!!!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

A chuva


Tarde de chuva, fraqueza no corpo e nas idéias....Vai um poema bonitinho


Chuva


A chuva fina molha a paisagem lá fora.
O dia está cinzento e longo... Um longo dia!
Tem-se a vaga impressão de que o dia demora...
E a chuva fina continua, fina e fria,
Continua a cair pela tarde, lá fora.


Da saleta fechada em que estamos os dois,
Vê-se, pela vidraça, a paisagem cinzenta:
A chuva fina continua, fina e lenta...
E nós dois em silêncio, um silêncio que aumenta
se um de nós vai falar e recua depois.


Dentro de nós existe uma tarde mais fria...


Ah! Para que falar? Como é suave, branda,
O tormento de adivinhar — quem o faria? —
As palavras que estão dentro de nós chorando...


Somos como os rosais que, sob a chuva fria,
Estão lá fora no jardim se desfolhando.


Chove dentro de nós... Chove melancolia...

(Ribeiro Couto)

terça-feira, 1 de maio de 2007

Em homenagem ao primeiro de maio!!!!


Contra o relógio
Por Luís Adonis Valente Correia (extraído da revista Língua Portuguesa)




Há um problema de comunicação externa que é comum a todas as empresas.Com jornadas de trabalho cada vez maiores, as pessoas perdem contato com o mundo exterior, aquela área diversificada e vital que fica logo ali, depois que se retira o crachá.
Absorvidos por assuntos relacionados exclusivamente ao trabalho, redefinimos nossos contatos e interesses, sem conceber espaço para pessoas de outros ambientes. Muitas vezes, nem para família.
-Alô, meu filho, há quanto tempo. Não fala mais com a sua mãe? Você tem se alimentado? Tem dormido...
-Mãe, pode pular o questionário padrão? Tenho novidades mas não tenho tempo.
- O que houve?
-Fui promovido! Houve uma reestruturação e...er...peraí um minuto.
Mais de um minuto depois...
-Oi, voltei. Bom mexeram na empresa e agora eu...er...peraí, so um minutinho.
Mais de um minutinho depois...
-Mãe? Ta aí ainda? Bom sou o novo diretor e...peraí de novo. Ta difícil. Só mais um minutinho.
Só mãe esperaria.
-Mãe, desculpe.
-Meu filho, que correria! Esse cargo de diretor é muito puxado.
-O problema é que com a reestruturação que fizeram, eu acumulo os cargos de motorista, recepcionista e segurança. Ah, e também o de diretor, claro.
-Filho, confio em você dirigindo a empresa mas não dirigindo carro. Não corra. Lembre do seu tio...
-Pô mãe!Isola. Bate na madeira.
- Não me fale em bater. E não fique falando “pô!” que eu não gosto. Que coisa feia.
- Mãe, a sua neta fala “caraca” e você reclamada de mim falando “pô”?!
- Não gostei de você como motorista de empresa. Será que você não pode guiar só os negócios?
- Não, não dá.
-Se você bater o carro, vai perder o cargo de diretor?
-Mãe, você atropelou a minha paciência.
- E como recepcionista? Vai usar uniforme?
- Não, não vou precisar.
- Acho que deveria. Fica mais arrumadinho. E o trabalho de segurança? Também não gostei. É perigoso esse negócio de guarda-costa. Vi um filme com o Kevin Costner e...
- Mãe, é segurança no trabalho.
-Desarme-se, meu filho. É muita promoção para uma pessoa só.
-Os tempos são outros.
- Já ouvia isso do seu avô. O que eu conto para as minhas amigas? A final, você é diretor ou motorista?
- Sou multitarefa. Polivalente.
- Elas vão achar que isso é economia informal!

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Para o meu galego


Para o meu galego lindo!!!!Sei que já conhece, mas quero colocá-lo pois é um texto lindo!!!





Ter ou não ter namorado, eis a questão

Artur da Távola


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Poemeta saudoso



Sob as cândidas margaridas,

Jaz um rosto pálido e frio,

A face de outrora macia,

de outrora rosada,

de outrora feliz....



E com ela jaz enterrado,

O cheiro de café e doce,

O som das conversas e risadas,

Os fantasmas e lembranças da infância....


Ai que saudade!!!

Passagem bíblica....




Hoje acordei e pedi a Deus uma mensagem. Olha o que ele me mandou:


"Ele dá ânimo ao cansado e recupera as forças do enfraquecido. Até os jovens se fatigam e cansam, e os moços também tropeçam e caem, mas os que esperam em Javé renovam suas forças, criam asas como águias, correm e não se fatigam, podem andar que não se cansam."


Isaías 40, 29-31

domingo, 22 de abril de 2007

O lutador....Carlos Drummond de Andrade




Nas minhas aulas de literatura, sempre me dizeram que poesia era para ser lida em voz alta...declamada, esta era a essência do fazer poético. Não dei muita importância até ganhar um presente do meu grande amor que me mostrou que estava errada, a poesia por mais bela que seja, torna-se mais bela se declamada....Aí vai uma das poesias das quais me apaixonei....


Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadí-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste escampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor

de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tontura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumirá.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! É o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se consuma
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Banalização da vida...

Nada justifica tirar a vida de si mesmo, muito menos tirar a vida do próximo.
O episódio do atirador da faculdade de Vírgina já tinha me deixado perplexa, mas agora, estou mais perplexa ainda....Nenhum distúrbio mental dá o direito da pessoa de tirar a vida dos outros, ainda mais de 33 pessoas e com um caráter de crueldade tão grande: as portas das salas foram trancadas com correntes, para que ninguém pudesse escapar. E ainda com um exibicionismo que deixa dúvidas quanto as tendências suícidas que indicaram em seu exame mental, nenhum suícida mata duas pessoas e envia o material para televisão para mostrar sua tremenda façanha....
Eis um texto do New York Times que mostra o terror dos alunos:

Em uma sala de aula, uma cena de terror e heroísmo

Raymond HernandezEm Blacksburg"Ele não disse uma palavra, o tempo todo. Nunca vi um rosto tão impassível."Foi assim que Trey Perkins, aluno da Virginia Tech, lembrou-se do atirador que invadiu sua aula de alemão, na segunda-feira (16/4), apontou um revólver para cada aluno e puxou o gatilho.No final, Perkins, que se ajoelhou atrás das carteiras no fundo da sala, conseguiu escapar ileso. Mas foi um de poucos. Aparentemente, o atirador, um sul-coreano de 23 anos identificado como Cho Seung-Hui, extraiu seu maior número de vítimas -até duas dúzias de pessoas- desta sala de aula no segundo andar do Norris Hall.Foi uma cena de total terror e pânico dentro da sala 207, com alunos tentando escapar pelas janelas ou se escondendo atrás das carteiras, enquanto o atirador, vestimdo jaqueta de couro preta e um boné de beisebol marrom, atirou, recarregou e atirou novamente.Em certa altura, o atirador saiu inexplicavelmente, mas voltou. Os alunos se comprimiram contra a porta para impedir sua entrada. "O cara tentou voltar, mas conseguimos segurar ele fora", disse Perkins.A classe de cerca de 20 alunos estava reunida por cerca de uma hora, enquanto o professor Jamie Bishop dava uma aula básica de alemão, segundo as testemunhas.Nesta altura, não havia nada fora do comum, exceto quando alguém abriu a porta e começou a olhar para dentro. Todos imaginaram ser um aluno perdido procurando sua aula.No entanto, 10 minutos depois, a porta se abriu, o atirador entrou e mirou diretamente em Bishop, professor popular de 35 anos conhecido por andar de bicicleta pelo campus.Cho então rapidamente voltou-se para os alunos aterrorizados - que se jogaram no chão e empurraram as mesas para se proteger, a começar pelos que estavam nas primeiras fileiras da sala, disseram as testemunhas."Tentamos deitar no chão", disse Perkins, aluno de engenharia mecânica de Yorktown, Virgínia, de 20 anos. "Houve alguns gritos, mas na maior parte foi assustadoramente silencioso, além dos tiros."Derek O'Dell, aluno de biologia de 20 anos que estava presente, disse ao The Roanoke Times: "Ele recarregava muito rapidamente, parecia treinado. Ninguém se mexia."Então, por razões que ainda não estão claras, Cho subitamente parou de atirar e deixou a sala, enquanto os alunos sangravam deitados.Perkins disse que, na hora, ele teve medo que Cho ainda estivesse por perto e voltasse, se achasse que alguém na sala continuava vivo. "Disse às pessoas que ainda estavam de pé e conscientes: 'Fiquem em silêncio; não queremos que ele pense que há pessoas aqui, porque ele vai voltar'", disse ele.Então, ouvindo tiros pelo corredor, O'Dell, que tinha levado um tiro no braço, e outro aluno fecharam a porta da sala e se jogaram contra ela para impedir que o assassino voltasse.Poucos minutos depois, o atirador tentou forçar a entrada na sala novamente, onde Perkins estava usando sua jaqueta e casaco de malha para estancar os sangramentos dos feridos. Cho conseguiu abrir um pouco a porta, mas os alunos conseguiram pressionar com força suficiente para impedi-lo de entrar."Ele abriu a porta alguns centímetros, e depois conseguimos fechar novamente", lembra-se O'Dell, que teve que amarrar um cinto em torno do braço para deter a hemorragia.Perkins disse que ficou chocado como O'Dell conseguiu impedir a entrada do atirador, mesmo ferido. "Foi impressionante para mim que ele ainda estivesse de pé e encostado na porta", disse ele. "Derek pôde impedi-lo de entrar, enquanto eu estava ajudando os outros."Em uma entrevista em sua casa em Roanoke, o pai de O'Dell, Roger, disse que seu filho inicialmente não entendera que tinha sido ferido, até que percebeu o sangue pingando do braço. Ele disse que estava agradecido por seu filho não ter sofrido ferimentos mais graves.O assassino, entretanto, estava determinado e atirou repetidamente contra a porta. "Ele tentou atirar pela porta algumas vezes, talvez umas seis", disse Perkins. "Não tenho certeza se passaram ou não. Quero dizer, havia buracos do outro lado, marcas."No entanto, aparentemente, ao menos dois alunos foram feridos quando o atirador voltou e atirou contra a porta. Um foi Kevin Sterne, do quinto ano da faculdade. Uma artéria se rompeu quando foi atingido duas vezes na coxa direita, de acordo com médicos e sua mãe. Sterne, escoteiro, teve o bom senso de pegar um fio elétrico e fazer um torniquete para estancar a hemorragia até a chegada da ajuda, disseram.O outro foi Katelyn Carney, de Sterling, Virginia, que estuda negócios internacionais e foi atingida na mão esquerda enquanto ajudava a segurar a porta e Cho tentou forçar a entrada atirando contra a maçaneta. "Para mim, ela é minha heroína", disse seu namorado, Paul Geiger a caminho do hospital na noite de terça-feira.Eventualmente, Cho foi embora. Mais tarde, foi encontrado morto com um tiro na cabeça, disparado por ele mesmo, em outra sala no mesmo prédio, junto dos corpos de algumas outras de suas vítimas.Olhando para trás, Perkins disse que ficou marcado com a atitude metódica de Cho. "Ele foi simplesmente asqueroso; não tinha expressão facial, não mostrava sinais de emoção ou qualquer coisa", disse ele. "Não entendo como alguém pode fazer isso e não ter", disse ele, fazendo uma pausa para encontrar a palavra certa. "Mas acho que tem que haver algo terrivelmente errado com a pessoa para fazer uma coisa dessas."

segunda-feira, 2 de abril de 2007

1- Reflexões infames




Gostaria muito que os políticos, ao invés de tramitarem o aumento de seus salários, adotassem duas medidas interessantes: o relógio ponto e o transporte público.

Afinal são eles que representam o povo. Por que não viver como o povo, nem que seja temporariamente?

Imagino o Kassab ou o Serra acordando às cinco horas da manhã e tendo que pegar três conduções lotadas (muitas vezes, MUITO lotadas, outras quebradas e a maioria atrasadas) para chegar ao serviço. E ainda preocupados com a possibilidade de não chegarem a tempo para bater o relógio ponto.

Ou no final do dia, depois de um dia de muito trabalho, terem que pegar suas três conduções em horário de pico ou em dia de chuva.

Outra cena interessante seriam nossos deputados e senadores invadindo a pista de um aeroporto em protesto contra o atraso dos aviões, pois eles tem horário para chegar e um relógio de ponto para bater, senão, ficarão sem seu rico salarinho.

Acho que estas medidas seriam interessantes, nem que sejam em sonho, para tentar diminuir o descaso público com o caos na aviação ou no transporte público.

Nossos nobres representantes de Brasília não usariam o problema da aviação para ficarem diversas sessões sem comparecerem, visto que pagamos seu salário e que todo trabalhador, seja ele do serviço público ou privado tem que passar por este desgaste todo.

Ou então fiscalizariam com mais vigor as obras do metrô, pelo fato que isso iria ajudar muita gente chegar em casa mais rápido.

Cobrariam das empresas de ônibus, que recolhem uma taxa bem significativa, mais qualidade nos seus serviços, não a reposta que todos obtém quando ligam para o 156 perguntando sobre os ônibus: " Quarenta e cinco minutos é um tempo razoável para se esperar."

Ilusão, doce ilusão...

sábado, 24 de março de 2007

Alma agonia


Porque ocorre tanta agonia?
Se agora possuo uma alma vazia...
Não há espaço para dor ou alegria.
Pois agora possuo uma alma vazia
Estilhaços do passado, um futuro esfumaçado,
É apenas o que resta, na minh'alma vazia.

domingo, 18 de março de 2007

Maturidade





“(....)Pelo menos era assim que descrevia a situação para si mesma, embora a explicação sempre lhe parecesse algo insuficiente. Afinal, o que era a vida adulta se não um momento de fraqueza sobreposto a outro? A maioria das pessoas simplesmente entrava em forma como criancinhas obedientes, fazendo exatamente o que a sociedade esperava delas a qualquer momento,e o tempo todo fingiam na verdade ter feito algum tipo de escolha.”

Criancinhas- Tom Perrotta

quarta-feira, 7 de março de 2007

Curta reflexão sobre o movimento estudantil....




Foi-se o tempo em que ser estudande de uma Universidade Pública era sinônimo de engajamento pelas causas sociais importantes ao país.

Foi-se o tempo em que os militares perseguiam os estudantes dos centros acadêmicos pois estes representavam um perigo e um questionamento ao poder estabelecido. Era o grande auge e o último suspiro da força estudantil.

Depois disso vieram poucas manifestações de importância para o movimento, a maior delas foram os caras pintadas, que com uma pequena manipulação da mídia, foram os "responsáveis" pelo Impeachment do Presidente Collor. Seguia-se aí o óbito da força estudantil.

Os revolucionários que me desculpem, mas faço esta pequena retrospectiva para mostrar a minha extrema indignação com relação aos estudantes dizem querer mudar este país. Este movimento tornou-se algo sem causa, agora tudo é motivo de manifestação, e isso tornou-se tamanha bagunça que hoje vieram interromper uma aula para convidar os estudantes para uma manifestação em homenagem ao dia da Mulher, que irá protestar contra o machismo, a discriminação de cor, raça e classe social e contra a vinda do presidente Bush para o Brasil.

Alguém já viu tamanha salada? Até mesmo os próprios estudantes que não participam do movimento estão fazendo brincadeiras com isso.É uma indignação sem causa, o protestar apenas pelo protestar...

terça-feira, 6 de março de 2007


Curtas reflexões lingüísticas...




O que é novo na lingüística? Porque temos tanto medo de trabalhar com algo que nos é tão comum quanto a língua? Porque todos preferem a literatura, que é o resultado de um trabalho com a língua ,do que a própria língua?

Estas questões me perseguem desde que comecei a faculdade e ainda não consegui respostas para nenhuma delas.

Ontem assistindo aula com o primeiro ano de Letras e vendo aquelas caras de terror misturado com um pouco de curiosidade me lembrei de quais eram as minhas esperanças quando comecei a fazer faculdade e onde consegui chegar...caminhos definitivamente opostos.

Sempre gostei de literatura, ainda gosto, na verdade meu objetivo principal quando entrei no curso superior era cursar literatura e inglês, no entanto foi completamente desviado: acabei entrando numa pós em Lingüística e me especializando em italiano.

Quanto a mudança do inglês para o italiano, não me arrependo nem um pouco. O italiano foi paixão à primeira vista. Continuo fazendo e usando o inglês, acho que línguas estrangeiras são sempre bem-vindas.

Com relação a literatura, esta foi uma descoberta mais árdua....Descobri que gostar de ler não necessariamente nos leva a querer analisar obras literárias. Foi desilusão a primeira vista, pois não tínhamos espaço para expor nossas próprias idéias, apenas repetir aquilo que os professores falavam ou que algum crítico famoso tinha exposto em algum livro. Isso entope nossas vias pensantes e teve uma consequência maior que eu esperava.

Se refletiu na lingüística....Aprendi a gostar de lingüística, porém aquele terrorismo que os professores de literatura faziam com os alunos deixou seqüelas também na análise da língua. Todos os lingüístas falam que a língua é um objeto lindo, fácil de ser analisado, porém quando é a vez dos alunos analisarem isso não acontece. Não há discussão de idéias novas, apenas um repeteco do que Saussure disse ou que Chomsky disse e assim vai...

Nem os próprios lingüístas assumem de onde foram buscar inspiração para aquilo que eles escrevem. Os grandes nomes desta ciência foram gênios que tiveram revelações sobre a língua e apagaram tudo o que foi dito antes por filósofos e outros lingüístas.

Estas "revelações" amedrotam os alunos. Pobres mortais que nem ao menos tem segurança de trabalhar com aquilo que usam diariamente. Adoro lingüística e assumo que estes medos que os alunos carregam consigo, eu também possuo.

Espero sinceramente que isto acabe. Meu medo de trabalhar com a língua e o medo de outros alunos...que os deuses da literatura e da lingüística se tornem mortais como nós.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Ícaro



Será que quem sonha alto, está fadado a padecer como Ícaro?

Na mitologia grega, Ícaro (grego: Íkaros, língua etrusca: Vicare, alemão: Ikarus) ficou famoso pela sua morte por cair dentro do Egeu quando a cera segurando suas asas artificiais derreteram.

Ícaro era filho de Dédalo, um dos homens mais criativos e habilidosos de Atenas. Um dos maiores feitos de Dédalo foi o labirinto do palácio do rei Minos de Creta, para aprisionar o Minotauro. Por ter ajudado Ariadne, a filha de Minos a fugir com Teseu, Dédalo provocou a ira do rei que, como punição, ordenou que Dédalo e seu filho fossem jogados no labirinto.

Dédalo sabia que sua prisão era intransponível, e que Minos controlava mar e terra, sendo impossível escapar por estes meios. "Minos controla a terra e o mar", disse Dédalo, "mas não as regiões do ar. Tentarei este meio".

Dédalo projetou asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem. Foi moldando com as mãos e com ajuda de Ícaro, de forma que as asas se tornassem perfeitas como as das aves. Estando o trabalho pronto, o artista, agitando suas asas, se viu suspenso no ar. Equipou seu filho e o ensinou a voar. Então, antes do vôo final, advertiu seu filho de que deveriam voar a uma altura média, nem tão próximo ao Sol, para que o calor não derretesse a cera que colava as penas, nem tão baixo, para que o mar não pudesse molhá-las. Dédalo beijou seu filho com lágrimas nos olhos e as mãos tremendo, levantou vôo e foi seguido por ele.

Eles primeiramente se sentiram como deuses que haviam dominado o ar. Passaram por Samos e Delos à esquerda, e por Lebinto à direita.

Ícaro deslumbrou-se com a bela imagem do Sol e, sentindo-se atraído, voou em sua direção esquecendo-se das orientações de seu pai, talvez inebriado pela sensação de liberdade e poder. A cera de suas asas começou rapidamente a derreter e logo caiu no mar. Quando Dédalo notou que seu filho não o acompanhava mais, gritou: "Ícaro, Ícaro, onde você está?". Logo depois, viu as penas das asas de Ícaro flutuando no mar. Lamentando suas próprias habilidades, enterrou o corpo numa ilha e chamou-a de Icaria em memória a seu filho. Chegou seguro à Sicília, onde construiu um templo a Apolo, deixando suas asas como oferenda.


FONTE:WIKIPEDIA

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Prazeres da vida...

QUAIS SÃO SEUS PEQUENOS PRAZERES DA VIDA?





sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Remords Posthume



Tenho uma amiga que me ensinou muita coisa desde que cheguei à "Selva de pedra", devo à ela muitas das coisas que adquiri aqui, inclusive sua maravilhosa amizade. Lendo seu blog, a última postagem me chamou muito atenção. Principalmente uma frase que gostaria de adaptá-la à minha visão de mundo...


"E quem disse que tudo precisa ter sentido?"

O racional muitas vezes deixa o mundo escapar.

Tira a magia que há em sentir.

Muitas vezes até as palavras, que criam mundos...

Filtram das coisas a intesidade e o mistério do sentimento.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Tom Jobim- Eu sei que vou te amar.


Gosto muito das músicas de Tom Jobim. Sinceramente não sei o que havia nele, em Vinícius de Morais e o que em Chico Buarque.
Músicos boêmios que cantam o amor como ninguém mais cantou.



Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
A cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007








AH! OS RELÓGIOS


Amigos, não consultem os relógios


quando um dia eu me for de vossas vida


sem seus fúteis problemas tão perdidas


que até parecem mais uns necrológios...




Porque o tempo é uma invenção da morte:


não o conhece a vida - a verdadeira -


em que basta um momento de poesia


para nos dar a eternidade inteira.




Inteira, sim, porque essa vida eterna


somente por si mesma é dividida:


não cabe, a cada qual, uma porção.




E os Anjos entreolham-se espantados


quando alguém - ao voltar a si da vida


-acaso lhes indaga que horas são...




Mario Quintana - A Cor do Invisível

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Everybody hurts - The Corss e R.E.M



When your day is long ... and the nightand the night is yours alonewhen you think you've had enough... of this life, well hang on.Don't let yourself gocause everybody criesand everybody hurts... sometimes.Sometimes everything is wrong.Now it's time to sing along.When your day is night (hold on, hold on)if you feel like letting go (hold on)if you're sure you've had too much... of this life, well hangon.cause everybody hurts... sometimesTake comfort in your friendsEverybody hurts.Don't blow your hand. Oh, no.Don't blow your hand.If you feel like you're alone,no, no, no, you're not aloneIf you're on your own... in this life,and the days and nights are longwhen you sure you've had too much ... of this life, to hangon.yeah, everybody hurts sometimes, everybody cries.SometimesAnd everybody hurts ... sometimes.And everybody hurts sometimes. So, hold on, hold on.Hold on, hold on. Hold on, hold on. Hold on, hold on.(repeat & fade) (Everybody hurts. You are not alone.)

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Os vôos de Ícaro




Era um menino levado. Quando nasceu, escorregou da mão do médico e foi parar na mão de uma enfermeira que estava arrumando os instrumentos usados na cirurgia e que por sorte treinava basquete nas horas vagas. Este fato lhe rendeu o nome de Ícaro, nome esse que não se sabe se fez jus à personalidade, ou se a personalidade é que se desenvolveu por causa do nome.
O fato é que, tal como a mitologia diz, este Ícaro era fascinado por voar e tudo o que se relacionava aos céus: aviões, balões, pipas, estrelas, planetas, estas coisas.
Era muito levado, pulava do muro para o chão, da árvore para o chão, do telhado para árvore e assim se aperfeiçoando. Era figurinha carimbada nos consultórios médicos: perna quebrada, pé quebrado, braço quebrado. O doutor Manuel sempre dizia ao garoto “voar é com os pássaros, um dia você não se concerta mais de tão quebrado que já foi.”, mas ele não se amedrontava.
Seu pai, um fabricante de colchões, vendo que os conselhos médicos não surtiam efeito e os prejuízos causados pelas constantes visitas aos médicos, construiu uma parafernália que denominou “os sapatos alados de Ícaro”. Era uma câmara acolchoada com uma cinta protetora e um caminho de concreto no qual era possível andar por cima do caminho, ou ficar pulando do caminho para o chão, a sensação de voar era proporcionada pela cinta, presa no teto da salinha.
Este foi o melhor presente que o menino já ganhara na vida, uma maneira de voar sem precisar de avião, era tudo o que sempre desejou. Passava dias inteiros brincando naquela salinha e o tempo passou rápido, tanto que um dia, a salinha era pequena demais para ele.
Era chegada a época de enfrentar o mundo lá fora, chegara a época de ir à escola. Nunca fora um aluno exímio, perdera a quantidade de vezes em que se atrasou para escola, porque ficou olhando um avião cortar os céus. Era bom apenas em geografia e história tudo relacionado aos céus: sistema solar, planetas e a corrida espacial.
Nos primeiros anos, queria ser astronauta, mas viu que a Nasa dava muito trabalho, daí mudou de idéia, queria ser piloto de avião. Fechava os olhos e se via de uniforme, cortando os ares do mundo, seria o melhor piloto que o país, jamais vira.
Seria piloto de avião comercial ou entraria para esquadrilha da fumaça?



CONTINUA

Medo



Dizem que as crianças nascem sem medo de nada, pois o medo é algo criando quando não conhecemos as coisas por completo. Está nos livros de psicologia, o medo é algo que impõem as crianças.
Joãozinho desça do balanço, assim você vai se quebrar todo menino!; Marianinha não saia na rua se não o homem do saco vai te levar e nunca mais te traz de volta. Estas são muitas das coisas que ouvimos quando crianças. E assim crescemos, e muito do que ouvimos não prestamos mais atenção, o medo some e outras coisas ainda passamos para as próximas gerações.
O medo é um instinto do homem primitivo, um instinto de preservação. Quando há algo semi-conhecido a primeira reação é o medo. Este instinto ajudou o homem a manter sua raça viva na crosta terrestre, porém este instinto quando em exagero não é benéfico.
O que seria dos desbravadores se não enfrentassem o medo, e daqueles que fizeram as guerras. O teatro inclusive foi um meio que os gregos usavam para expurgar as emoções e fazer com que seus guerreiros não sentissem medo durante a batalha.
Pena que o teatro não existe mais para este fim, pois estamos precisando expurgar nossos medos antes de sairmos de casa. A sociedade de hoje vive acuada, penso que existe mais perigos em se botar a cara para fora de casa hoje, do que existia na época pré-histórica.
Eu tenho medo, e você?

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

O homem com armadura de ferro...


Para aquele que me impede de vestir minha armadura...aquele que faz as coisas valerem à pena.


Finalmente acabara. Olhava com grande entusiasmo e admiração para sua grande obra: era a armadura perfeita. Prateada, coberta de ferro, diamantes, fibra de vidro, tinha sido projetada para se tornar uma arredoma impenetrável.Lembrou-se da primeira vez em que idealizou este projeto: era jovem apaixonado e inocente, sofreu uma grande decepção e queria tanto se isolar de tudo e de todos que colocou no papel sua grande idéia.Tentou mais algumas vezes, mas quanto mais se machucava, mais apareciam idéias de formas e materiais que deixariam seu projeto cada vez mais interessante...Formas de se tornar inacessível.Agora estava pronta, olhava para sua peça com a admiração de um pai que olha para um filho que acabara de nascer. Precisava se arrumar... tinha uma grande festa para dar, uma festa de despedida, depois da festa iria se isolar de seu mundo....Estava muito entusiasmado, nunca mais precisaria sofrer.A festa foi maravilhosa, com todas as pompas e despedidas que se dá a alguém que viaja para bem longe, vai morar no exterior, ou mudar de cidade. Era chegada a hora.Exatamente a meia-noite pegou sua armadura, vestiu-a e foi dormir. Sonhou com um mundo só seu onde não tinha ninguém a não ser uma pequenina rosa como distração e companhia...Assim os dias iam se passando, seu sonho estava se tornando realidade, não possuía mais a companhia de ninguém, todos os que tentavam se aproximar, até mesmo querendo tornar-se seu amigo, ficavam assustados com a aquela aterrorizadora armadura. Passou a se isolar do mundo e dele sentia falta...Como em seu sonho, agora tinha apenas uma rosa como companhia, a rosa não falava, não se expressava, mais também não o machucava.Ficara igual ao Doutor Frankstein, que querendo superar a morte, acabou vendo sua criatura virar-se contra o criador. Devagarinho estava morrendo, morrendo de solidão...Uma noite deitou e acabou sonhando com um outro mundo, um mundo onde todos que amava estavam ao seu lado...tinha acabado de morrer, seu espírito não agüentou de solidão.
O homem sentiu sempre- e os poetas freqüentemente cantaram- o poder fundador da linguagem, que instaura uma sociedade imaginária, anima as coisas inertes, faz ver o que ainda não existe, traz de volta o que desapareceu.
Émile Benveniste

Maurice Ravel




Maurice Ravel nasceu em Cibouren no país basco francês em 1875 e morreu em Paris em 1937. Iniciou seus estudos no conservatório de Paris em 1889. Embora contemporrâneo de Debussy, havia um pouco mais de treze anos de diferença entre os dois músicos, e sendo tratados como mestre e discípulo; estes dois músicos possuíam estilos diferentes.
Debussy iniciou o definitivo rompimento com o romantismo e o germanismo, caminhando em direção à atonalidade. Ravel também filiou-se ao estilo.
Debussy e Ravel tornaram-se o que chamamos de músicos impressionistas. A semelhança entre eles acaba aí. Existe uma polêmica entre os estudiosos sobre a influência que Debussy teve sobre Ravel, o que se concluiu é que apenas houve o que chamamos de paralelismo musical.
Uma das obras mais conhecidas de Maurice Ravel é Bolero. O tema é simples e agradável, possui cerca de desseseis compassos divididos em duas partes de oito e apresentados por quatro compassos de um ritmo que não muda ao longo da obra.

http://www.edu-negev.gov.il/tapuz/motytp/atar/scripta/games/boleroclip.htm