quarta-feira, 25 de abril de 2007

Para o meu galego


Para o meu galego lindo!!!!Sei que já conhece, mas quero colocá-lo pois é um texto lindo!!!





Ter ou não ter namorado, eis a questão

Artur da Távola


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Poemeta saudoso



Sob as cândidas margaridas,

Jaz um rosto pálido e frio,

A face de outrora macia,

de outrora rosada,

de outrora feliz....



E com ela jaz enterrado,

O cheiro de café e doce,

O som das conversas e risadas,

Os fantasmas e lembranças da infância....


Ai que saudade!!!

Passagem bíblica....




Hoje acordei e pedi a Deus uma mensagem. Olha o que ele me mandou:


"Ele dá ânimo ao cansado e recupera as forças do enfraquecido. Até os jovens se fatigam e cansam, e os moços também tropeçam e caem, mas os que esperam em Javé renovam suas forças, criam asas como águias, correm e não se fatigam, podem andar que não se cansam."


Isaías 40, 29-31

domingo, 22 de abril de 2007

O lutador....Carlos Drummond de Andrade




Nas minhas aulas de literatura, sempre me dizeram que poesia era para ser lida em voz alta...declamada, esta era a essência do fazer poético. Não dei muita importância até ganhar um presente do meu grande amor que me mostrou que estava errada, a poesia por mais bela que seja, torna-se mais bela se declamada....Aí vai uma das poesias das quais me apaixonei....


Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadí-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste escampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor

de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tontura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumirá.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! É o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se consuma
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Banalização da vida...

Nada justifica tirar a vida de si mesmo, muito menos tirar a vida do próximo.
O episódio do atirador da faculdade de Vírgina já tinha me deixado perplexa, mas agora, estou mais perplexa ainda....Nenhum distúrbio mental dá o direito da pessoa de tirar a vida dos outros, ainda mais de 33 pessoas e com um caráter de crueldade tão grande: as portas das salas foram trancadas com correntes, para que ninguém pudesse escapar. E ainda com um exibicionismo que deixa dúvidas quanto as tendências suícidas que indicaram em seu exame mental, nenhum suícida mata duas pessoas e envia o material para televisão para mostrar sua tremenda façanha....
Eis um texto do New York Times que mostra o terror dos alunos:

Em uma sala de aula, uma cena de terror e heroísmo

Raymond HernandezEm Blacksburg"Ele não disse uma palavra, o tempo todo. Nunca vi um rosto tão impassível."Foi assim que Trey Perkins, aluno da Virginia Tech, lembrou-se do atirador que invadiu sua aula de alemão, na segunda-feira (16/4), apontou um revólver para cada aluno e puxou o gatilho.No final, Perkins, que se ajoelhou atrás das carteiras no fundo da sala, conseguiu escapar ileso. Mas foi um de poucos. Aparentemente, o atirador, um sul-coreano de 23 anos identificado como Cho Seung-Hui, extraiu seu maior número de vítimas -até duas dúzias de pessoas- desta sala de aula no segundo andar do Norris Hall.Foi uma cena de total terror e pânico dentro da sala 207, com alunos tentando escapar pelas janelas ou se escondendo atrás das carteiras, enquanto o atirador, vestimdo jaqueta de couro preta e um boné de beisebol marrom, atirou, recarregou e atirou novamente.Em certa altura, o atirador saiu inexplicavelmente, mas voltou. Os alunos se comprimiram contra a porta para impedir sua entrada. "O cara tentou voltar, mas conseguimos segurar ele fora", disse Perkins.A classe de cerca de 20 alunos estava reunida por cerca de uma hora, enquanto o professor Jamie Bishop dava uma aula básica de alemão, segundo as testemunhas.Nesta altura, não havia nada fora do comum, exceto quando alguém abriu a porta e começou a olhar para dentro. Todos imaginaram ser um aluno perdido procurando sua aula.No entanto, 10 minutos depois, a porta se abriu, o atirador entrou e mirou diretamente em Bishop, professor popular de 35 anos conhecido por andar de bicicleta pelo campus.Cho então rapidamente voltou-se para os alunos aterrorizados - que se jogaram no chão e empurraram as mesas para se proteger, a começar pelos que estavam nas primeiras fileiras da sala, disseram as testemunhas."Tentamos deitar no chão", disse Perkins, aluno de engenharia mecânica de Yorktown, Virgínia, de 20 anos. "Houve alguns gritos, mas na maior parte foi assustadoramente silencioso, além dos tiros."Derek O'Dell, aluno de biologia de 20 anos que estava presente, disse ao The Roanoke Times: "Ele recarregava muito rapidamente, parecia treinado. Ninguém se mexia."Então, por razões que ainda não estão claras, Cho subitamente parou de atirar e deixou a sala, enquanto os alunos sangravam deitados.Perkins disse que, na hora, ele teve medo que Cho ainda estivesse por perto e voltasse, se achasse que alguém na sala continuava vivo. "Disse às pessoas que ainda estavam de pé e conscientes: 'Fiquem em silêncio; não queremos que ele pense que há pessoas aqui, porque ele vai voltar'", disse ele.Então, ouvindo tiros pelo corredor, O'Dell, que tinha levado um tiro no braço, e outro aluno fecharam a porta da sala e se jogaram contra ela para impedir que o assassino voltasse.Poucos minutos depois, o atirador tentou forçar a entrada na sala novamente, onde Perkins estava usando sua jaqueta e casaco de malha para estancar os sangramentos dos feridos. Cho conseguiu abrir um pouco a porta, mas os alunos conseguiram pressionar com força suficiente para impedi-lo de entrar."Ele abriu a porta alguns centímetros, e depois conseguimos fechar novamente", lembra-se O'Dell, que teve que amarrar um cinto em torno do braço para deter a hemorragia.Perkins disse que ficou chocado como O'Dell conseguiu impedir a entrada do atirador, mesmo ferido. "Foi impressionante para mim que ele ainda estivesse de pé e encostado na porta", disse ele. "Derek pôde impedi-lo de entrar, enquanto eu estava ajudando os outros."Em uma entrevista em sua casa em Roanoke, o pai de O'Dell, Roger, disse que seu filho inicialmente não entendera que tinha sido ferido, até que percebeu o sangue pingando do braço. Ele disse que estava agradecido por seu filho não ter sofrido ferimentos mais graves.O assassino, entretanto, estava determinado e atirou repetidamente contra a porta. "Ele tentou atirar pela porta algumas vezes, talvez umas seis", disse Perkins. "Não tenho certeza se passaram ou não. Quero dizer, havia buracos do outro lado, marcas."No entanto, aparentemente, ao menos dois alunos foram feridos quando o atirador voltou e atirou contra a porta. Um foi Kevin Sterne, do quinto ano da faculdade. Uma artéria se rompeu quando foi atingido duas vezes na coxa direita, de acordo com médicos e sua mãe. Sterne, escoteiro, teve o bom senso de pegar um fio elétrico e fazer um torniquete para estancar a hemorragia até a chegada da ajuda, disseram.O outro foi Katelyn Carney, de Sterling, Virginia, que estuda negócios internacionais e foi atingida na mão esquerda enquanto ajudava a segurar a porta e Cho tentou forçar a entrada atirando contra a maçaneta. "Para mim, ela é minha heroína", disse seu namorado, Paul Geiger a caminho do hospital na noite de terça-feira.Eventualmente, Cho foi embora. Mais tarde, foi encontrado morto com um tiro na cabeça, disparado por ele mesmo, em outra sala no mesmo prédio, junto dos corpos de algumas outras de suas vítimas.Olhando para trás, Perkins disse que ficou marcado com a atitude metódica de Cho. "Ele foi simplesmente asqueroso; não tinha expressão facial, não mostrava sinais de emoção ou qualquer coisa", disse ele. "Não entendo como alguém pode fazer isso e não ter", disse ele, fazendo uma pausa para encontrar a palavra certa. "Mas acho que tem que haver algo terrivelmente errado com a pessoa para fazer uma coisa dessas."

segunda-feira, 2 de abril de 2007

1- Reflexões infames




Gostaria muito que os políticos, ao invés de tramitarem o aumento de seus salários, adotassem duas medidas interessantes: o relógio ponto e o transporte público.

Afinal são eles que representam o povo. Por que não viver como o povo, nem que seja temporariamente?

Imagino o Kassab ou o Serra acordando às cinco horas da manhã e tendo que pegar três conduções lotadas (muitas vezes, MUITO lotadas, outras quebradas e a maioria atrasadas) para chegar ao serviço. E ainda preocupados com a possibilidade de não chegarem a tempo para bater o relógio ponto.

Ou no final do dia, depois de um dia de muito trabalho, terem que pegar suas três conduções em horário de pico ou em dia de chuva.

Outra cena interessante seriam nossos deputados e senadores invadindo a pista de um aeroporto em protesto contra o atraso dos aviões, pois eles tem horário para chegar e um relógio de ponto para bater, senão, ficarão sem seu rico salarinho.

Acho que estas medidas seriam interessantes, nem que sejam em sonho, para tentar diminuir o descaso público com o caos na aviação ou no transporte público.

Nossos nobres representantes de Brasília não usariam o problema da aviação para ficarem diversas sessões sem comparecerem, visto que pagamos seu salário e que todo trabalhador, seja ele do serviço público ou privado tem que passar por este desgaste todo.

Ou então fiscalizariam com mais vigor as obras do metrô, pelo fato que isso iria ajudar muita gente chegar em casa mais rápido.

Cobrariam das empresas de ônibus, que recolhem uma taxa bem significativa, mais qualidade nos seus serviços, não a reposta que todos obtém quando ligam para o 156 perguntando sobre os ônibus: " Quarenta e cinco minutos é um tempo razoável para se esperar."

Ilusão, doce ilusão...